Jojo Todynho rejeita rótulo de "nova Tati Quebra Barraco": "sou a Dercy Gonçalves da nova era"

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2018 14h47
Jovem Pan Funkeira esteve no estúdio do programa nesta sexta-feira (25)

Carisma. Sinceridade. Irreverência. Bom humor. Talento para o improviso. Gosto pelo uso de palavras de baixo calão. Nenhum problema em falar sobre sexo. Se você assistiu televisão lá por volta dos anos 1970 e 1980, deve ter pensado automaticamente em Dercy Gonçalves. Agora, se é da nova geração, pode ter imaginado outra pessoa: a funkeira sensação do momento Jojo Todynho. E essa semelhança não é à toa. Foi o que ela disse em entrevista ao Pânico ao ser questionada sobre o rótulo de “nova Tati Quebra Barraco” que costuma receber.

“Eu já me acho não Tati, mas a Dercy Gonçalves de uma nova era. Amo Dercy! Gente, tenho uma entrevista dela salva em que perguntam ‘o que você mais gosta de fazer?’ e ela responde: ‘dormir, cagar e comer’ (risos). Nunca viram? É ótima. A Hebe ficava passada com ela”, contou.

Mas pode acreditar. Atrás desse jeito desbocado está uma garota de 21 anos simples, carinhosa com a família, preocupada com a comunidade em que nasceu (Bangu, no Rio de Janeiro), defensora de direitos iguais e contrária ao mundo “ostentação” das celebridades.

“Não ligo para essas coisas de mansão. Quero consolidar minha vida, não adianta ostentar carrão e pagar aluguel. Agora estou fazendo uma obra na casa da minha vó, depois me ajeito”, disse. “Acho engraçado que as pessoas tratam diferente quem é artista, né? Na semana passada entrei em uma loja e me ofereceram café e água. Tinha outra moça do lado e disse ‘poxa, eu pedi e ninguém me deu’. Aí questionei a gerente. Qual a diferença? Ela é ser humano como eu. Porque tem água para mim e não para ela? Fico revoltada com essas pessoas. A gente vale o que tem. Se não tem nada, não tem credibilidade, não tem voz. Eu transmito essas verdades”.

A cada instante, uma aula de autoestima

O lado “conselheira” da funkeira também é um dos mais conhecidos entre seu público – a maioria mulheres e/ou LGBTs. A cada discurso dentro e fora dos palcos, ela faz questão de cravar que é gorda, sim, que é negra, sim, e que pode fazer o que quiser com seu próprio corpo – e continuar se amando do mesmo jeito.

“Eu sempre ensino a mulherada que ela se auto-diminui quando se compara com outra. Ela se auto-desmerece. Tem que se amar e se aceitar. Só que as pessoas confundem essa aceitação. Acha que, porque se aceita, não pode trocar a cor do cabelo, não pode mexer no corpo. Amor próprio e empoderamento é isso. Viver e conduzir a vida da forma que quiser sem dar confiança aos outros. Olha o que acontece com a Gracyane Barbosa, por exemplo. Falam que ela tem um ‘corpo monstruoso’. Gente, o corpo é dela! Ela lutou para chegar nos objetivos dela, deixa ficar do jeito que quiser! Ninguém tem que opinar, ninguém vai pagar o boleto dela”, afirmou.

“Sobre mim, não tenho vontade de emagrecer, mas se tiver que emagrecer, emagreço. A vida é minha. Da forma que eu estiver, gorda ou magra, continuarei me amando. Continuarei sendo a Jojo. O caráter prevalece. O que adianta ter um corpo maravilhoso e uma alma podre? Estética nao é nada, o que vale é a forma com que a pessoa trata as outras”, concluiu.

Voz ruim?

Jojo iniciou a carreira na música cantando no coral da escola e na igreja de seu bairro. Depois, quando começou a ser popular na quebrada, passou a se apresentar no Capadócia, tradicional casa noturna de Bangu. Sempre que um convidado oficial faltava, ela corria até lá substituir. Foi assim que desenvolveu sua maneira de cantar – que, segundo ela, não é uma só.

“Com o funk não uso 20% da minha voz. Tenho que impor uma voz que leve o público à altura. Não posso cantar assim [cantarola o hit Que Tiro Foi Esse? em ritmo suave]. O público não vem comigo. Estão canto assim [pesado do mesmo jeito que a gravação]”, afirmou, dando uma palhinha ao vivo para os apresentadores do programa.

Que Tiro Foi Esse? e a apologia ao crime

E já que o assunto é o seu maior hit, a convidada foi questionada sobre as críticas que recebeu assim que Que Tiro Foi Esse? foi lançado. Alguns disseram até mesmo que a letra “incitava a violência” ao falar em tiros enquanto o público simulava quedas na coreografia.

“Eu vim da comunidade e jamais faria algo para incitar a violência. E outra: quem quer polemizar são pessoas da burguesia que não sabem o que é subir o morrão e ter que ir trabalhar embaixo de tiro porque o patrão não compreende que está tendo operação. Essas pessoas, em vez de ficar falando gracinha, tem que calar a boquinha e ficar quietinha para não passar vergonha”.

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